2006/04/27 | 15:56
O vice-presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Carlos Pina, assegurou hoje que o túnel do metropolitano do Terreiro do Paço está preparado para resistir a um terramoto idêntico ao de 1755.
«O reforço do túnel entre o Poço da Marinha e a estação do Terreiro do Paço foi dimensionado para uma acção sísmica semelhante à que ocorreu em 1755», que atingiu o grau oito na escala de Richter, afirmou Carlos Pina no final de uma visita dos membros da Comissão Permanente de Urbanismo e Mobilidade da Assembleia Municipal de Lisboa às obras do túnel do metro.
Carlos Pina explicou que esse dimensionamento está relacionado com a estrutura em betão, a localização e a execução das juntas entre os vários troços do túnel.
«Essas juntas foram localizadas de dez em dez metros e permitem um movimento lateral que possa vir a ser induzido por uma acção sísmica de cerca de 20 a 30 centímetros e, portanto, compatível» com um terramoto com um elevado grau de intensidade, explicou.
Relativamente à possibilidade de liquefacção de algum estrato do solo abaixo do túnel, o responsável explicou que foram feitos vários ensaios, tendo sido identificado em pequenas zonas essa possibilidade.
Por causa disso, está em curso a elaboração de um projecto de reforço dos solos através de injecções de betão que está a cargo de uma equipa de projectistas.
«Ainda não está totalmente definido, mas o Metropolitano de Lisboa encarregou uma equipa de projectistas de fazer esse reforço que permita garantir que não vai haver liquefacção de nenhum estrato do solo e que estejam asseguradas todas as condições de segurança para qualquer acção sísmica nos limites para esta zona», sublinhou Carlos Pina.
No final da visita às obras do metro do Terreiro do Paço, o presidente da Comissão Permanente de Urbanismo e Mobilidade da Assembleia Municipal de Lisboa, Vítor Gonçalves mostrou-se satisfeito com as explicações que ouviu do presidente do Metropolitano de Lisboa, Mineiro Aires, e do vice-presidente do LNEC sobre a segurança da obra.
«Verificámos «in loco», com a ajuda do LNEC e do presidente do Metropolitano de Lisboa, que de facto isto é uma obra grandiosa e que obedece aos mais rigorosos padrões de segurança», afirmou Vítor Gonçalves.
O responsável adiantou que «o LNEC tem acompanhado a par e passo toda a execução da obra e garante que ela é segura em todos os parâmetros».
Vítor Gonçalves disse ainda que a visita da comissão se prendeu com «preocupações» e «dúvidas» que surgiram na sequência da divulgação de um relatório de um engenheiro civil da empresa que apontava para a existência de falhas na construção dos túneis do Terreiro do Paço, Baixa-Chiado e Cais do Sodré.
«Verificámos que a polémica do cascalho não tinha fundamento na medida em que não há cascalho, mas sim betão poroso de forma a permitir que a água circule naquela zona», acrescentou Vítor Gonçalves no final da visita que demorou cerca de uma hora.
Perante algumas questões sobre segurança levantadas pelos membros da comissão, o presidente do Metropolitano de Lisboa garantiu que os trabalhos estão a ser monotorizados pelo LNEC para acautelar que todos os problemas sejam resolvidos.
Mineiro Aires assegurou ainda que «as obras vão ter monotorização contínua durante muitos anos».
O metro do Terreiro do Paço será inaugurado em Junho de 2007, sete anos depois do acidente e cerca de quatro anos depois da data prevista de abertura.
Sem comentários:
Enviar um comentário