26-09-2006 9:21:00
O segundo dia de greve dos trabalhadores do metropolitano de Lisboa trouxe à zona de Sete Rios, interface entre metro, comboios e autocarros, um cenário habitual nos dias de protesto: filas intermináveis de pessoas à espera dos alternativos.
Uma das filas começava na paragem junto ao Hotel Corinthian, na Avenida Columbano Bordalo Pinheiro, e chegava ao Centro Clínico de Sete Rios, numa extensão de cerca de 400 metros.
O Metro de Lisboa, que transporta diariamente mais de 500.000 pessoas, vai estar parado hoje entre as 06:30 e as 10:30 devido à greve dos trabalhadores, que contestam a caducidade do Acordo de Empresa.
De acordo com fonte sindical, a greve do Metro hoje está a ter uma adesão perto dos 100 por cento, o que levou ao fecho de todas as estações, tal como na passada quinta-feira, primeiro dia do protestos dos trabalhadores.
As queixas dos utentes do metro eram bastantes mas apontavam como principal causa desta situação o trânsito que se faz sentir na cidade, já que a empresa disponibilizou como transportes alternativos dezenas de autocarros.
Há cerca de 15 minutos à espera do autocarro alternativo, Vítor Almeida diz que hoje os efeitos da greve estão piores que na passada quinta-feira.
«Na última quinta-feira perdi muitos minutos para chegar ao trabalho. Hoje vou demorar mais de uma hora», afirmou o utente, considerando que hoje a situação está muito pior.
Vítor Almeida concorda com as reivindicações dos trabalhadores do metro mas afirma que os principais visados com a paralisação são mesmo os utentes.
Outro utente apelava às pessoas para optarem pelos transportes alternativos em vez de trazerem o automóvel particular.
«Hoje isto está caótico. Se as pessoas optassem pelos alternativos isto já não acontecia», disse.
Teresa Sousa considera que os alternativos são suficientes mas que não conseguem andar devido às filas de trânsito.
Opinião contrária tem João Simões, que considera que os transportes alternativos são insuficientes e afirmou que perde muito mais tempo nos habituais percursos para o trabalho.
No percurso da Linha Azul, entre Baixa-Chiado e Amadora, alguns passageiros, desorientados, pareciam desconhecer as paragens dos autocarros alternativos nas imediações das estações do metropolitano, fechadas com grades.
Alguns corriam até essas paragens, fazendo sinais com os braços para os motoristas, incertos de que pudessem embarcar.
Entravam apressadamente, sem que lhes fosse exigido o habitual passe, um pouco confusos.
Ao ser questionado por um passageiro sobre se o autocarro parava na Pontinha, um dos motoristas com forte sotaque regional ficou sem resposta, hesitou, e foram os outros passageiros que garantiram que a paragem desejada ficava no trajecto.
«"Nã sê", é a primeira vez que lá vou», desabafou o homem do volante, sorridente, ao pôr o autocarro de novo em andamento pelas ruas.