Correio da Manhã
2006-04-29
Miguel Alexandre Ganhão
O túnel do Metro que vai ligar a Alameda a S. Sebastião registou uma infiltração de água que durou quatro horas no passado dia 6 de Abril. Tudo aconteceu quando os operários estavam a furar o túnel para injectar betão e a água começou a entrar.
Foi imediatamente avisado o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que recomendou a interrupção das obras e a realização de novas sondagens para apurar as causas das infiltrações.
O local está vigiado em permanência por dois homens e as obras só serão retomadas quando o LNEC der o parecer positivo às medidas de estabilização promovidas pelo Metropolitano de Lisboa.
Contacto pelo CM, o presidente do Metro desvalorizou o incidente considerando tratar-se de uma "ocorrência vulgar naquele tipo de obras". Mineiro Aires referiu que a infiltração foi contida em quatro horas e o LNEC foi imediatamente chamado ao local. "Foi um procedimento exemplar numa empreitada que tem uma grande complexidade", acrescentou aquele responsável, mostrando-se "indignado" pelo aproveitamento que se procura fazer de uma situação que Mineiro Aires classifica de "normal".
O presidente do Metro reitera a ideia de que não existe qualquer espécie de risco de se repetir o episódio que aconteceu na estação do Terreiro do Paço.
"A segurança é a principal aposta do Metro. As pessoas têm que perceber que o Metro não é uma empresa de obras, é uma empresa de transporte. Durante os 49 anos de existência nunca tivemos problemas graves", acrescenta Mineiro Aires.
O presidente do Metro refere que o LNEC acompanha, em permanência o evoluir de todas as obras que estão a ser feitas na rede para maior segurança.
TUDO SERÁ INSPECCIONADO
A denúncia feita por Carvalho dos Santos, antigo engenheiro do Metro, que denunciou a existência de irregularidades nos materiais empregues para a construção dos túneis (cascalho em vez de betão no assentamento das linhas, o que permitiria a infiltração das águas) lançou a polémica sobre a resistência das infra-estruturas do subsolo.
O Metro tem em curso um programa de inspecções a todos os troços para identificar possíveis irregularidades. As zonas prioritárias são; o troço que liga o Marquês de Pombal ao Saldanha, o Colégio Militar e o Jardim Zoológico.
NOTAS
DEPUTADOS
O Grupo Parlamentar do PSD já entregou na Assembleia da República um requerimento dirigido ao ministro das Obras Públicas, solicitando explicações sobre o acidente ocorrido na Linha Vermelha.
TÚNEL DO MARQUÊS
A Câmara de Lisboa admite que as obras do Túnel do Marquês continuem a decorrer durante a intervenção na estrutura do túnel da Linha Amarela, ao contrário do que afirmou quinta-feira o presidente do Metropolitano.
'COLAR' AO TERRENO
O acidente de 6 e Abril aconteceu durante uma operação que tem por objectivo 'colar' o túnel construído ao terreno envolvente através da injecção de betão nos furos previamente feitos.
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