Correio da Manhã
Edgar Nascimento
2006-03-28 - 00:00:00
Cerca de 400 passageiros viveram ontem 40 minutos de pânico no túnel do metro de Lisboa, entre Sete Rios e Praça de Espanha. O Metropolitano de Lisboa (ML) evacuou os passageiros sem informar as autoridades.
Manuel Moreira
Durante mais de 40 minutos os passageiros estiveram fechados nas carruagens no túnel, sem qualquer informação
Segundo testemunhas, usou três escadotes para tirar as pessoas das seis carruagens até à linha.
Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, considera “incorrecta” a evacuação. “Que iluminação havia, que tipo de passageiros? As escadas eram adequadas, não havia mais escadas? O Metropolitano devia ter chamado os bombeiros.”
Acusa o ML de querer “esconder” o incidente e recusar fazer simulacros. “É preciso envolver pessoas, testar a sua reacção e a nossa.”
Quem reagiu com pânico foi Jorge Abrantes, da Amadora. “Foi um caos, não nos disseram nada, funcionou tudo mal e as pessoas ficaram em pânico. Não havia passagem entre as carruagens, as portas não abriram.” Às 09h34 registou-se uma avaria numa composição e o ML optou, só 40 minutos mais tarde, por evacuar o comboio.
EMPRESA JUSTIFICA-SE
As chamadas para o 112 começaram antes do ML informar os passageiros. PSP, bombeiros e Protecção Civil souberam o que se passava pelo INEM. “A operação é acompanhada por agentes especializados do Metropolitano”, justifica a empresa.
“A questão é saber se o ML tem pessoal formado para estas situações”, reclama Jorge Morgado, da DECO. “É no mínimo caricato e demonstra desleixo.”
O responsável da Protecção Civil da Câmara de Lisboa, Vítor Vieira, diz que “o plano de emergência interno deve prever os procedimentos de segurança para o tipo de situação encontrada”. Se o ML não contactou a Protecção Civil, “é porque considerou que não era preciso”.
DEZ PESSOAS ASSISTIDAS, METRO NEGA
O Instituto Nacional de Emergência Médica foi chamado à estação do metro da Praça de Espanha “através de chamadas efectuadas por passageiros”, refere fonte da instituição. O INEM deslocou uma ambulância, uma viatura de emergência médica e uma psicóloga para dar apoio aos passageiros. Fora da estação foram assistidas dez pessoas, “a maior parte com crises de ansiedade e uma com ataque de asma”. Uma mulher de 30 anos foi transportada para as Urgências do Hospital Curry Cabral, com suspeita de fractura do punho. O CM tentou obter mais informações, mas não foi possível. O Metropolitano afirma que não teve conhecimento “de qualquer indisposição por parte dos passageiros” e que não houve “necessidade de intervenção por parte do INEM e bombeiros nas nossas instalações”.
RAPIDEZ NÃO IMPEDIU TRAGÉDIA
O dia 7 de Julho de 2005 ficou marcado na memória de britânicos e europeus. Quatro bombas explodiram em três carruagens de metropolitano e num autocarro em Londres, entre as 08h45 e as 10h00 da manhã. A serenidade de alguns passageiros terá evitado uma tragédia maior, tal como a rápida intervenção das autoridades – reagiram com eficácia, puseram em marcha um plano de emergência, centenas de polícias passaram a pente fino estações e comboios, dezenas de médicos e voluntários montaram dois hospitais de campanha em tempo recorde. Nos atentados morreram 56 pessoas – incluindo os quatro suicidas – e ficaram feridas mais de 700.
NÚMEROS DO METRPOLITANO DE LISBOA
161
Milhões de passageiros transportados em 2004.
440.000
Passageiros utilizam a rede do Metro diariamente.
48
Estações da rede do Metropolitano de Lisboa.
4
Linhas constituem a actual rede do Metro.
4,65
Quilómetros que cada passageiro percorre, em média.
12.286
Quilómetragem média entre avarias.
549.235
Circulações de composições em 2004.
1717
Funcionários efectivos no Metropolitano de Lisboa.
98
Acidentes de trabalho registados em 2004.
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